Discurso para nada
 

BECO DO IMAGINÁRIO

Como num beco, em que só existe uma saída, aquela em que nos obriga a recuar pelo caminho já percorrido, assim estão as movimentações artísticas, quaisquer que elas sejam.

Mas, estranhamente, quando há um avanço criativo verdadeiramente formador de novas possibilidades, esse beco parece avançar, esticar mais um pouco, no seu comprimento.

É neste pequeno espaço único que, eventualmente, poderemos ter o privilégio de preencher com os nossos nadas imaginados. Esta alegoria visual ilustra, o que acontece, neste beco do imaginário.

Sobre o olhar.

Pensem um pouco! Olhar é, fundamentalmente, uma operação mental, dependente de uma aprendizagem que implica tempo, concentração e energia. É um ato de esforço da nossa vontade consciente, razão pela qual determina a nossa realidade. Costumamos olhar mas, não estamos habituados a ver...! Que horror! É difícil! Uma chatice, porque atrapalha a nossa existência, sem darmos conta que ela modifica a nossa consciência. Obrigar o olhar a ver dá trabalho! Necessitamos concentração, ou seja, energia. Mas, se repararmos bem, ela também forma a nossa realidade. Será através do conhecimento visual, essa forma de comunicação não descritiva, que o olhar se apresenta integrador e globalizante. Adquirimos experiências que transformam o nosso conhecimento. Concluindo!

O pensamento visual transforma a nossa própria realidade recriando, modificando a perceção visual e a consciência. A grande maioria de pessoas, não se apercebe de esse facto.

 Sobre as coisas.

Estamos em período normalizado. O que interessa é a coisa diferente pela diferença, em que o artista é técnico reprodutor de um saber fazer repetitivo, em que a produção artística é considerada como um simples ato de entretenimento. O ser original, só pela diferença, é inconsequente e diga-se em verdade, muito fácil. Não existe nele qualquer mistério sensível, oculto, inclusivo ou determinante. Fundamentalmente, toda a diferença só por si própria, é banal e ilustrativa. As autênticas coisas artísticas existem, escapando à exclusiva banalidade da diferença. Há, neste mundo, inúmeras coisas originais!

Sobre as palavras.

Não estou para isso! Acabem-se com os discursos....!

A linguagem que se sobrepõe à obra é apenas um metaforismo que não consegue explicar, isto porque a obra já o é. Já explica, sem ser uma forma de linguagem. As metáforas, o em vez de, pelas palavras, são outra coisa. A maioria não entende! E vai entender pelo reforço de um outro meio? Narrativa? Comunica por ser visível mas, não é linguagem. Ponto final! Não informa, não principia, não explica, não conclui. Pode não ter sentido. Atrapalhados por esta evidência? É a aflitiva mania de discursar sobre o que se vê. Inventa-se sobre o sentido do olhar individual. Porquê conduzir?

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